Breves considerações sobre a minha experiência empresarial
Aos 22 anos, período em que eu ainda cursava Direito na Universidade de Brasília, decidi por iniciar um negócio. Tratava-se de uma ideia ambiciosa, embora que hoje reconheça que um grau de irresponsabilidade e explico: até esse momento eu não possuía experiências relacionadas a atividade empresarial. É claro que isso impôs diversos desafios ao longo dessa solitária jornada “empreendedora”.
Todo e qualquer negócio nasce de um sonho, seja ele qual for, o sonho de ascender socialmente, financeiramente, reconhecimento, dentre outros. Não obstante, muitas vezes o sonho do próprio negócio é o que faz com que o sonhador não se atente aos desafios de manter um negócio aberto.
Essa é a razão pela qual, caso eu pudesse conversar com o meu eu de 22 anos, eu com certeza aconselharia buscar maior capacitação antes de tomar as decisões. Quando falo isso não é porque a minha trajetória empresarial foi inexitosa, mas pelo fato de que enfrentei desafios que não seriam necessários caso eu tivesse me preparado para determinados problemas ao invés de tê-los que enfrentar para assim aprender.
Os referidos problemas, podem se traduzir em centenas, quiçá milhares de exemplos. Dentre eles: a falta de conhecimento acerca da rentabilidade de uma empresa, a importância de se escolher uma boa locação comercial, a necessidade de negociar bem uma locação comercial, gestão financeira, comercial e pessoal.
Aos 23 anos realizei a minha primeira locação em um shopping. Lembro-me que ao me sentar para negociar os encargos do aluguel, a minha pouca idade e ambição chamava a atenção do comitê comercial. Adentrar num shopping para muitos pode ser sinal de status, mas na verdade é essa expectativa que pode levar muitos empresários(as) a más negociações que são dificílimas de serem desfeitas.
Veja: o shopping não está preocupado se você vai quebrar, mas nos avalistas, fiadores, imóveis que são dados como garantia nos contratos. Esse alerta se estende para determinadas franqueadoras que também pouco se importam se aquele dinheiro que você está investindo é o fruto das economias que você levou a vida inteira para guardar.
Isso é um alerta, mas não a constatação de que toda locação em shopping é ruim, tampouco que não há boas franquias no mercado. Por outro lado, uma coisa é fato: as boas operações dentro de um shopping, geralmente, são de empresários que no momento da negociação já sabiam o que estavam fazendo.
Aos 25 anos, ainda jovem, eu estava no meu quarto CNPJ, dessa vez bem mais maduro do que o jovem de 22 anos. Uma das percepções de que eu identifiquei comparando os níveis de maturidade foi na capacidade de perceber aquilo que não necessariamente seria bom para mim e para os meus negócios. Por exemplo: Ainda que eu queira muito fazer um negócio, caso ele não se enquadre no meu planejamento, preferir deixar de fazê-lo a fazê-lo a qualquer custo.
Fazer um negócio a qualquer custo pode dar certo, mas uma coisa é fato: você abraçou a hipótese de ser obrigado a fazer de tudo. Quando me refiro a fazer de tudo leia-se não saber como irá arcar com os aluguéis, condomínios, boletos e toda sorte de coisa que permeia a administração de uma empresa.
Durante esse período empresarial, mantive os meus estudos na graduação e me formei. As aulas de Direito Empresarial, títulos de crédito, contratos, Direito Civil e Direito Trabalhista faziam maior sentido, considerando que eu experienciei muitas das situações narradas pelas leis.
Hoje entendo que esse é o meu maior diferencial quanto profissional. Isso porque congregar a técnica com a experiência vivida na pele é uma competência que não é comum, modéstia à parte.
João Paulo Molina Sampaio